PARIS DAS LUZES SEGUNDO O PLANO DE TURGOT (1739) – ESTRATÉGIA, URBANISMO E SOCIEDADE

Publicação: Éllen Sá

 Image

A introdução a esta obra, de autoria de Laure BeaumontMaillet (chefe do Gabinete de Ilustrações da Biblioteca Nacional francesa) é uma bela lição acerca dos aspectos existenciais e urbanísticos da Cidade Luz, nas primeiras décadas do século XVIII.

O Plano de Turgot, elaborado entre 1734 e 1739, compartilha com o relato anterior a preocupação com uma apreensão vivencial da cidade (“fenomenológica”, diríamos hoje) e tendo como norte, também, a expressão exata dos fenômenos observados. É o primeiro plano feito “a vôo de pássaro” no decorrer dos séculos XVII e XVIII, diferente, portanto,dos Planos rigorosamente geométricos que eram elaborados usualmente nesse período.

Antecipa, certamente, os hodiernos Planos de Paris “à vol d’oiseau”, elaborados pelo Ministério dos Trabalhos Públicos, dos Transportes e do Turismo. O que prevalecia, nele, não era tanto a preocupação com a exatidão matemática, mas a possibilidade de ensejar, naquele que o observasse, a experiência de ver Paris desde cima, como se estivesse voando;

Em 1737, o preboste(conhecido prefeito) realizou a canalização do Grande Esgoto, situado na rive droite parisiense, a primeira obra de saneamento básico de que se tem notícia; providenciou, ademais, a reforma do “Quai de L’Horloge” na Ilha da Cidade, assim como o embelezamento dos

bairros com numerosas obras de arte; desenvolveu uma hábil política de abastecimento e efetivou a construção de uma paliçada defronte à base da ponte oriental da ilha Louviers, para desviar os blocos de gelo carregados pelo rio Sena na estação invernal;

                  Image

                       Mas o preboste preocupou-se, também, com a preservação da memória municipal e com os estudos que hoje denominamos de “planejamento urbano”.No relativo às atividades de planejamento, o administrador Turgot adquiriu, em 1737, para o acervo da Prefeitura, o denominado Plano da “Tapisserie” (elaborado em 1570 e desaparecido possivelmente nos incêndios da Revolução de 1789). Outra providência foi a ordem para elaborar o famoso Plano da cidade, entre 1734 e 1739. A idéia de Turgot era, sem dúvida, estabelecer uma comparação da Paris da sua época com a revelada no Plano da “Tapisserie”, a fim de enxergar a forma em que tinha se efetivado o seu crescimento, para prever os futuros desdobramentos. Mas o preboste pretendia, também, oferecer ao viajante uma guia confiável da cidade, que possibilitasse a rápida identificação de ruas, monumentos e bairros. Para isso foi adotado o modelo de plano “a vôo de pássaro”.Convém destacar que esse modelo foi introduzido, pioneiramente, pelo Plano da “Tapisserie”.

                         Image

A propósito da repercussão que teve, na época da sua publicação, o Plano de Turgot, escreve Laure Beaumont-Maillet:Como se pode comprovar, o plano de Turgot não vale somente pela sua beleza formal. É um documento de primeira ordem e basta examina-lo durante algumas horas para ficar cativado pelo entusiasmo que levou ao redator do Mercure de France a afirmar, não sem uma certa dose de lisonja: O autor desta imensa e laboriosa obra superou-se a si mesmo. Mas seria possível pensar na perfeição deste empreendimento sem a orientação e sem a guia das luzes do nosso ilustre Preboste dos Comerciantes, cuja memória será sempre uma bênção para Paris;A fim de ilustrar esses aspectos prévios, bem como a situação do urbanismo francês no período apontado, me detendo, no final, no Plano de Turgot, desenvolverei os seguintes itens:

I – O clima da Ilustração,

II – Aspectos fundamentais do urbanismo francês nos séculos XVII e XVIII, e

III – Análise do Plano de Turgot de 1739.

                   Image

I – O CLIMA DA ILUSTRAÇÃO

Partamos da caracterização que, do ângulo do pensamento, Immanuel Kant (1724-1804) faz da Ilustração, chamando a atenção para o fato de que, se ela é o domínio da razão na vida de cada um, de outro lado não deixa de ser verdadeiro que é muito cômodo permanecer na menoridade intelectual. Para o pensador alemão, a Ilustração consiste na

Saída do homem da sua menoridade, da qual ele mesmo é responsável. Menoridade, ou seja,

incapacidade de se servir do seu entendimento sem a orientação de outrem, menoridade da qual ele mesmo é responsável, pois a causa reside não na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem para se servir dele sem a tutela de outro”.

Ora, essa saída da menoridade intelectual realiza-se, na Europa, ao longo dos séculos XVII e XVIII e culmina com a Revolução de 1789 e a derrubada da velha ordem, passando a sociedade a encarnar os ideais iluministas.

Com Luís XIV aparece uma gestão pública totalmente devotada ao crescimento econômico, político e cultural da França, no cenário internacional, convertendo-a na grande potência da época e superando as Nações concorrentes: Inglaterra e Espanha.

A preservação do Estado, o seu fortalecimento sobre a sociedade e, a partir daí, a política emergente através da legislação outorgada pelo monarca, somente isso garantiria a supremacia da França em face das outras potências da época.

A coisa mais importante do reinado de Luís XIV não foi o estabelecimento do modelo absolutista de governo, mas a busca da racionalidade na política exterior, sempre procurando a segurança e a estabilidade do Estado francês no contexto europeu.

A harmonia desse processo centralizador ensejado pelo absolutismo de Luís XIV entrou em declínio, já no final do século XVII e começo do XVIII. Trata-se de um período de grande turbulência, mas de enorme riqueza intelectual, algo assim como o surto de vida e de valorização da razão individual que ocorreu na Renascença Italiana, após séculos de estagnação ensejados pelo domínio da Escolástica no mundo do saber.

II- ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO URBANISMO FRANCÊS NOS SÉCULOS XVII E XVII

O termo Urbanismo será aplicado como a aplicação da razão no esforço em prol de tornar habitável a cidade, definida, fundamentalmente, na modernidade, como núcleo humano construído ao redor de um poder político e de um mercado.

A principal delas consiste na recusa do gigantismo urbano.Os autores do período eram conscientes, como frisavam Delamare e Le Cler du Brillet no seu Traité de la police, de 1738, de que “é necessário (…) fixar a extensão ou o tamanho de uma cidade, para que ela não pereça pelo seu próprio peso”.

A segunda força que interage, centrípeta, é protagonizada pelos atores econômicos, que buscam a expansão dos seus negócios, alargando os limites estabelecidos pelo Rei. A propósito, frisa Jean-Louis Harouel:

O governo continua, portanto, fiel ao princípio de uma limitação de Paris, embora se resignando a um crescimento semi-clandestino da cidade, que ele ratifica entretanto pelo amplo traçado do

cinturão dos Fermiers Généraux.

A posição contrária ao crescimento urbano, adotada pela Monarquia, alicerça-se em razões que hoje denominaríamos de estratégicas. O gigantismo urbano é perigoso porque:

– Torna difícil o abastecimento de gêneros alimentícios, aumentando o preço das mercadorias.

– Dificulta a preservação da ordem pública e o bom funcionamento da administração.

– Complica as comunicações entre os bairros, ao aumentar a distância entre eles.

-Esvazia o centro da cidade, com a conseqüente depreciação dos imóveis públicos.

– Torna difícil a manutenção de um “cinturão verde” ao redor da cidade, que garanta a produção de frutas e legumes.

No que tange à infra-estrutura, deve-se destacar que, nos séculos XVII e XVIII, há um grande esforço de construção de igrejas, hospitais, edifícios públicos, albergues, intendências, mercados, casernas e particularmente teatros. Estes últimos constituem centros que animam a vida dos novos bairros. Em relação à arquitetura, prevalece o estilo denominado de “expressivo”, que liga a aparência do imóvel à sua função social.

                                    Image

O abastecimento de água da cidade aperfeiçoa-se. No século XVII são instaladas duas bombas hidráulicas: a da Pont-Neuf (Samaritaine) e a da Pont Notre-Dame. Elas alimentam dois reservatórios, de onde é distribuída a água por carregadores. Em 1777, os irmãos Perrier instalam uma dezena de bombas a vapor. No início do século XIX é adotado o sistema de captação, com o desvio do rio Ourcq pelo engenheiro Bruyère, que executa plano do seu mestre Perrone.

 Image

A política de desapropriações do Antigo Regime ancorava na teoria do “direito real universal”, que permitia ao Rei, “senhor de domínio eminente”, exercer a desapropriação mediante indenização.

 Image

O que Napoleão pretendeu fazer foi garantir a segurança das fronteiras da França, mediante uma série de alianças com os principados estrangeiros, que garantia a supremacia do país no cenário europeu. A idéia napoleônica do “bloco continental” confirmava, não negava, a estratégia de soberania formulada por Luís XIV.

III- ANÁLISE DO PLANO DE TURGOT, DE 1739

O Plano de Paris a vôo de pássaro, ordenado por Turgot em 1734 teve vários desenhistas. O primeiro foi – como já destaquei no início deste ensaio – Louis Bretez, que trabalhou na elaboração do Plano entre janeiro de 1734 e 1738, ano em que faleceu. Bretez, por sua vez, foi auxiliado por um desenhista de nome Saury. O desenhista falecido foi substituído imediatamente por um gravador de topografia muito conhecido, Antoine Coquart, que passou a ser auxiliado por um outro gravador, Claude Lucas. Segundo informa a inscrição que aparece na capa do Plano, a obra foi terminada em 1739. Tanto Bretez como os outros desenhistas tiveram total apoio da Prefeitura de Paris para procederem à elaboração do levantamento dos prédios e monumentos que deveriam constar no Plano. Foram munidos, pelo preboste Turgot, de um passaporte especial, a fim de que pudessem entrar em qualquer domicílio, convento, centro de estudos, casa de comércio ou repartição pública, a fim de fazerem os esboços que deveriam servir de base para o desenho final da obra.

Entre a Renascença e o final do século XVIII, foram elaborados onze grandes planos de Paris.

 Eis a enumeração deles:

  • O mais antigo foi o denominado Plano da Tapisserie (elaborado em 1570) e, que como já frisei, foi comprado em julho de 1737 por ordem de Turgot, para a Prefeitura de Paris.

  •  O Plano de Paris, desenhado por Antoine Coquart para o Traité de Police, de Nicolas de la Mare (1705).
  •  O Plano de Paris, desenhado por Antoine Coquart para a Histoire de Parisde Félibien e Lobineau (1725).
  • O Grande Plano de Paris, elaborado por Roussel entre 1729 e 1730.

  • Os Quatro Planos Geométricos de Paris, elaborados pelo abbé Delagrive, que se tornaria o geógrafo da cidade (1728).
  • O Plano Turgot/Bretez, (1734-1739).
  •  O Plano de Paris e os seus subúrbios, elaborado por Claude Lucas e Antoine Coquard para Bernard Jaillot (1748).
  • O Plano de Paris, de Deharme (1763).
  • O Plano de Paris, que foi publicado por Bernard Jaillot na sua obra Recherches critiques, historiques et topographiques sur la Ville de Paris (1772-1775)
  • O Plano da Cidade, mandado elaborar pelo arquiteto Edne Verniquet,Comissário de la Voirie (1775).
  • O Plano dos Artistas, elaborado, em 1793, por antigos membros da Academia Real de Arquitetura e que terminou inspirando boa parte das reformas feitas na cidade, no início do século XIX.

Dentre todos eles, o Plano Turgot/Bretez sobressai pela dimensão humana que o caracteriza. É, como já frisei, um “plano a vôo de pássaro”, feito do ponto de vista não do Estado absolutista, mas levando em consideração a perspectiva do cidadão. Nesse sentido, o Plano em questão exprime, de forma muito clara, os valores que passavam a imperar nessa quadra da Ilustração Francesa. O Estado absolutista abria a porta para a encarnação, na Sociedade, da Razão iluminista.

Em que pese este fato, o Plano Turgot/Bretez apresenta-nos, também, restos da Paris medieval, com a ingenuidade do nome de algumas ruas desses antigos tempos, tais como rue du Bout-du-Monde, ou rue de Mauvaises-Paroles.O grande valor da obra de Turgot/Bretez consiste em ter sido testemunha plástica dessas modificações, que alteraram profundamente a estrutura da cidade de Paris e que deram ensejo ao surgimento do moderno conceito de urbanismo. Modelo que, na trilha da Ilustração Francesa que passou a falar “para toda a Humanidade”, tornou-se paradigma da cidade hodierna.

Image

Barracas de livros nas margens do Sena se adaptam aos novos tempos

Camelôs mantêm a tradição há mais de dois séculos.

Eles tiveram que se acomodar aos novos tempos.

 

Postado por: Éllen Sá

 

 

O Jornal Hoje fez um passeio pelas barraquinhas de livros usados à beira do Rio Sena, em Paris. Os camelôs, conhecidos como bouquinistas, mantêm essa tradição há mais de dois séculos e tiveram que se acomodar aos novos tempos.

A catedral de Notre Dame, em Paris, terminou de ser construída em 1334. Mais de 150 anos foram necessários até que ela finalmente ficasse pronta. Tanta coisa em Paris tem essa dimensão em que a passagem do tempo parece difícil, não de medir, mas de compreender.

Uma das mais curiosas é a história dos camelôs que vendem livros as margens do Rio Sena. Eles são conhecidos como bouquinistas. Bouquin quer dizer livro pequeno. Na verdade, eles vendem livros usados, muitas vezes raros, e começaram a fazer isso há muito tempo. Na época da Revolução Francesa eram cerca de 300. Hoje eles são 217.

Comprar livros dos bouquinistas é uma história antiga. Para se ter uma ideia, Thomas Jefferson, um dos pais da revolução americana, quando morava em Paris, no século XVIII, adorava garimpar e comprar livros raros. Quando ele voltou para os EUA levou baú e malas cheias de livros que ele doou para a biblioteca do Congresso, hoje a maior do mundo.

Os clientes, hoje, são diferentes. Duzentos e cinquenta anos depois eles continuam a vender, mas tiveram que diversificar a oferta de seus produtos para satisfazer a insaciável sede de bugigangas dos turistas. Assim onde antes os livros eram procurados e venerados, hoje as lembrancinhas têm bem mais saída.

A Torre Eiffel em todas as suas expressões, quadrinhos, gravuras, pôsteres, revistas antigas, variações sobre o mesmo tema. George é bouquinista há 20 anos e diz que a maioria dos fregueses hoje é de estrangeiros, que se vê cada vez menos colecionadores procurando livros raros.

O ordinário vende bem mais, é mais barato e aos poucos vai transformando o perfil dessas barraquinhas. Marcel tem 92 anos e já foi dono de uma livraria. Ele conta que quando era jovem comprava livros nos bouquinistas porque eram mais baratos. Hoje ele diz: se encontram esses livros usados pela internet e que por isso a clientela é mais turistas e menos franceses.

Turismo de massa e internet se chocam com um mundo de livros de catedrais medievais. Suvenir quer dizer lembrar, em francês, e também é uma palavra internacional para os presentinhos de viagem. Tudo tem a ver com o tempo, com o momento especial.

Em Paris, existe um certo choque entre os dois mundos. O de uma cultura antiga e respeitada e o consumo dos nossos dias. A Monalisa está no Museu do Louvre, mas nos bouquinistas virou um imã de geladeira.

Reportagem do Jornal Hoje. Fonte: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2012/03/barracas-de-livros-nas-margens-do-sena-se-adaptam-aos-novos-tempos.html

Revolução de 1848: Primavera dos Povos

Postado por: Amanda Diniz

Entre os anos de 1846 e 1848, uma sequência de péssimas colheitas provocou uma crise econômica responsável pela elevação súbita do preço dos alimentos. Ao mesmo tempo, a diminuição de consumo de produtos industrializados causou a demissão de operários nos centros urbanos. Com isso, toda a economia capitalista europeia enfrentava um delicado processo de estagnação que daria origem aos levantes que marcaram a chamada Primavera dos Povos.

Reagindo a esse quadro desfavorável, membros do operariado e do campesinato passaram a exigir melhores condições de vida e trabalho. Aproveitando das novas tendências que surgiam, fizeram uma forte oposição ao regime monárquico por meio de uma série de levantes.

Os revoltosos fizeram várias reuniões, mas a que mais se destacou foi o banquete público da oposição de 22 de Fevereiro de 1848, que o governo tentou impedir que se realizasse. A burguesia afastou-se dos operários, os quais juntamente com artesãos e estudantes, concentraram-se no local combinado. 

Milhares de pessoas insatisfeitas com o desemprego e ressentidas pelas injustiças de que foram vítimas sob uma legislação em que não têm voto, nem representação, desejando elevar o nível do trabalhador ao nível do proprietário e do cidadão (através do ensino, do salário e da assistência universal do Estado), queriam derrubar o governo do rei Luís Filipe, de seus ministros e de todo o sistema econômico que os enriquecia a custa dos trabalhadores, porém não tinham um programa político claro. No outro dia, o centro de Paris estava cheio de barricadas que assustaram os burgueses moderados da oposição.

Imagem

O povo nas barricadas nas ruas de Paris. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%B5es_de_1848

 

As barricadas ocupavam as ruas estreitas e os combatentes estão invisíveis. Esperam um ataque iminente. O muro foi edificado com paralelepípedos, era reto, frio, perpendicular, nivelado a esquadro, retificado com barbante, alinhado a fio de chumbo. A rua estava deserta, todas as janelas e as portas fechadas. Não se via ninguém, não se ouvia nada; nem um grito, nem um ruído, nem um suspiro. 

Imagem

Vestígios das barricadas da rua Royale, 1848. Fonte:

http://dinter-usp-ufac.blogspot.com.br/2011/09/revolutions.html

 

Imagem

Barricadas antes do ataque, rua Saint-Maur, 25 de junho de 1848

(fonte: Barricades rue Saint-Maur. Avant l’attaque, 25 juin 1848. Après l’attaque, 26 juin 1848. THIBAUL. ©Photo RMN – H. Lewandowski). Fonte: 

http://dinter-usp-ufac.blogspot.com.br/2011/09/revolutions.html

 

Na madrugada do dia 24, a multidão foi atacada a tiros pela Guarda Nacional. Cerca de 500 pessoas morreram fuziladas. Os cadáveres foram colocados em carros iluminados por tochas e desfilaram pelo centro de Paris, alimentando a revolução, dando início a uma luta aberta que se estendeu por toda a cidade. Soldados da Guarda Nacional, enviados para reprimir os manifestantes, uniram-se a eles.

As ruas de Paris foram tomadas por um contingente de 40 a 50 mil manifestantes. Muitos foram mortos e 15 mil, presos. No cenário após a Batalha a rua fervilha de gente: militares, tropas de choque, ambulantes. As barricadas apesar de esburacadas, ainda estavam inteiras. Os revolucionários estavam ausentes: mortos, fugidos e presos. Restou apenas a ruína, monte de pedras dispersas. 

Imagem

Barricadas após o ataque, rua Saint-Maur, 26 de junho de 1848

(Fonte : Barricades rue Saint-Maur. Avant l’attaque, 25 juin 1848. Après l’attaque, 26 juin 1848. THIBAULT© Photo RMN – H. Lewandowski). Fonte:

http://dinter-usp-ufac.blogspot.com.br/2011/09/revolutions.html

 

A batalha terminou. A ordem reina em Paris. A burguesia percebeu o perigo das revoluções, tomando consciência de que seus anseios políticos poderiam ser alcançados pelo apoio universal, evitando conflitos e insurreições. Portanto, a revolução de 1848 foi o movimento que posicionou definitivamente burguesia e proletariado em campos opostos, o que marcaria profundamente os embates políticos posteriores.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, a Primavera dos Povos foi a primeira revolução potencialmente global, tornando-se um paradigma de “revolução mundial”.

Com o aperfeiçoamento técnico dos fuzis e da artilharia, e com as novas ruas modernas, retas e largas (criadas pelo plano Haussmann), as barricadas foram desfavorecidas.

Anos mais tarde, em maio de 2008, os paralelepípedos são de novo arrancados do chão, e os rebeldes, quase todos jovens, em alegre solidariedade, erguem uma barricada. Mas dessa vez, ao contrário de Paris no século XIX, não há fuzis. Não se mata o inimigo, existe chacota, zombarias e às vezes alguém o arranha ao lançar uma pedra. Há muito barulho e fumaça, mas a queda da barricada não conduz mais à execução dos rebeldes, fuzilados pela força da ordem: o combate acaba com a dispersão dos jovens, que logo se reagrupam em outra parte.

Moulin Rouge

Postado por: Isabella Caspar

Moulin Rouge (que em francês significa Moinho Vermelho) é um cabaré tradicional, construído no ano de 1889 por Josep Oller, que já era proprietário anteriormente do Paris Olympia. Situado na zona de Pigalle no Boulevard de Clichy, ao pé de Montmartre, em Paris, França. É famoso pela inclusão no terraço do seu edifício de um grande moinho vermelho. O Moulin Rouge é um símbolo emblemático da noite parisiense, e tem uma rica história ligada à boémia da cidade.
Desde há mais de cem anos que o Moulin Rouge é lugar de “visita obrigatória” para muitos turistas. O Moulin Rouge continua a oferecer na actualidade uma grande variedade de espectáculos para todos aqueles que querem evocar o ambiente boémio da Belle Époque e que ainda está presente no interior da sala de espectáculos. Não obstante, o estilo e o nome do Moulin Rouge de Paris foram imitados por muitos clubes de variedades e salas de espectáculos em todo o mundo.
A sala, as bailarinas e os seus frequentadores constituem um dos temas preferidos na obra do pintor Henri de Toulouse-Lautrec.

Por trás desse grande mito e grande atração de Paris,foram feitos vários filmes como esse que é o mais recente.

E o filme completo chamado moulin rouge , em sua versão antiga.

 

O Urbanismo

Postado por: Ellén Marcella

Resumo: Françoise, C. O Urbanismo, Perspectiva, São Paulo,2003

O Pré- Urbanismo

O Urbanismo não questiona a necessidade das soluções que preconiza, segundo as palavras de seu representante Le Corbusier, ele reivindica o ponto de vista verdadeiro. O Urbanismo quer resolver um problema ( o planejamento da cidade maquinista) que foi colocado bem antes de sua criação, a partir das primeiras décadas do século XIX, quando a sociedade industrial começava a tomar consciência de si e a questionar suas realizações.

A revolução industrial é quase imediatamente seguida por um impressionante crescimento demográfico das cidades, por uma drenagem dos campos em benefício de um desenvolvimento urbano sem precedentes. A Grã- Bretanha é o primeiro teatro em 1830. O número das cidades inglesas com mais de cem mil habitantes passou de duas para trinta, entre 1800 e 1895.

Os quadros de cidades medievais ou barrocas, são rompidas por uma nova ordem. Neste sentido Haussman, no desejo de adaptar Paris, faz uma obra realista. Pode-se definir como uma nova ordem, a racionalização das vias de comunicação, com abertura de grandes artérias e a criação de estações, os quarteirões de negócios no centro, as residências nas periferias, mas nessa época são criados novos órgãos que, por seu gigantismo mudam o aspecto da cidade: grandes lojas, grandes hotéis, e a suburbanização assume a importância crescente: a indústria implanta-se nos arrebaldes, as classes médias e operária deixa de ser uma entidade espacial bem delimitada.

No momento que a cidade do século XIX começa a tornar forma própria, ela forma um movimento novo, de observação e reflexão, em alguns casos tenta-se até formular as leis de crescimento das cidades. Essa abordagem científica e isolada, que é o apanágio de alguns sábios, opõe-se a atitudes de pensadores com os quais se choca a realidade das grandes cidades industriais.

Os sentimentos humanitários, principalmente de médicos e higienistas, denunciam o estado de deterioração física e moral em que vive o proletariado urbano: o habitat insalubre do trabalhador, frequentemente distanciado do local de trabalho, os lixões fétidos amontoados e a ausência de jardins públicos nos bairros populares.

O Modelo Progressista

O espaço do modelo progressista é amplamente aberto, rompido por vazios de verdes, têm como uma exigência da higiene. Relatam que o verde oferece particularmente um quadro para momentos de lazer, consagrado à jardinagem e à educação, uma sistemática ao corpo.

O espaço urbano é traçado conforme uma análise das funções humanas. Classificam e localizam separadamente as diversas formas de trabalho como industrial, liberal e agrícola. A lógica e a beleza devem coincidir.

A cidade progressista recusa qualquer herança artística do passado, para submeter-se exclusivamente às leis de uma geometria natural, ela elimina a possibilidade de variantes ou adaptações a partir de um mesmo modelo.

Entre os diversos edifícios tipos, o alojamento padrão ocupa, na concepção progressista um lugar importante e privilegiado. Se analisarmos os elementos, enquanto conjunto percebemos que ao contrário da cidade ocidental tradicional, ela não constitui mais uma solução densa e maciça, mas propõe uma localização fragmentada,atomizada: na maior parte dos casos, os bairros, as falanges, auto suficientes, são indefinidamente justapostos. O espaço livre preexiste, há uma abundância do verde e de vazio que exclui uma atmosfera propriamente urbana.

O Modelo Culturalista

Seu ponto de partida crítico não é mas a situação do indivíduo, mas a do agrupamento humano, da cidade. O escândalo histórico de que falam os partidários do modelo culturalista é o desaparecimento da antiga unidade orgânica da cidade, sob a pressão desintegradora da industrialização.

O Urbanismo

O urbanismo difere do pré-urbanismo em dois pontos importantes. Em lugar de obras generalistas (historiadores, economistas ou políticos), ele é teórico e prática. As ideias vão ser aplicadas, ao invés de ser um jogo de utopias, o urbanismo vai destinar técnicos uma tarefa prática.

O urbanismo progressista

“uma tentativa de ordenação e uma conjunção das soluções utilitárias e das soluções plásticas. Uma regra unitária distribui por todos os bairros da cidade a mesma escolha de volumes essenciais e fixa os espaços seguindo necessidades de ordem prática e as injunções de um sentido poético próprio do arquiteto e engenheiro”. Modelo Proposto por Tony Garnier- Cidade Industrial

O plano da cidade industrial feita por Tony Garnier foi terminado em 1901. No projeto da cidade há uma separação de funções: trabalho, habitação, lazer e saúde.

“Uma cidade industrial tem como princípios diretores a análise e a separação das funções urbanas, a exaltação dos espaços verdes que desempenham o papel de elementos isoladores, a utilização sistemática dos materiais novos, em particular do concreto armado.” (CHOAY, 1979, pág. 163).

O urbanismo culturalista

Em um breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas consequências. Ebenezer Howard mostra que a superpopulação era causada, sobretudo pela migração proveniente do campo. Era, portanto, necessário equacionar a relação entre a cidade e o campo. Para isso fora apresentado o desenho da cidade jardim.

“A cidade e o campo podem ser considerados dois imãs,cada um procurando atrair para si a população;a esta rivalidade vem interpor-se uma nova forma de vida,que participa das duas outras”(CHOAY,1979,pág.220).Esquema da Cidade-Jardim – Howard

A idéia da Cidade Linear de Sorio Y Mata basea-se na expansão das cidades sobre território rural. O processo de “ruralização da vida urbana e urbanização da vida campestre”

  • Cidade      – problemática: condições das vias urbanas, insalubridade das habitações,      sistema de saneamento e aumento da população, critica ao congestionamento      dos centros tradicionais com traçado radioconcêntrico. Seu pensamento      racionalista aborda que o maior problema dos grandes centros está      associado ao congestionamento das áreas centrais, ao fluxo e ao tráfego      urbano.

O Plano para a Cidade desenvolveu um novo desenho urbano baseado na ruptura com o modelo de cidade convencional. A ideia central era a de propor uma cidade que se desenvolvesse ao longo de uma faixa com largura de cinquenta metros de largura (50m) em linha. Esta faixa funcionaria como artéria principal e a cidade ao longo dela receberia áreas arborizadas, margeada por duas faixas de terrenos urbanos. O eixo central seria percorrido por sistema de transporte férreo.

No plano da Cidade Linear, não existe setorização de usos, os edifícios se fundem aos habitacionais na malha urbana – existe o uso misto do solo. A proposta abandona as estruturas tradicionais: quarteirão, praça. A dimensão simbólica está subordinada à dimensão técnica e o espaço público reduzido aos traçados de circulação e serviços – desconsidera a dimensão estética da cidade, submetendo o desenho urbano à dimensão técnica e privilegiando apenas um elemento do processo urbano: a circulação, determinando a configuração espacial na forma mais racional: a linha reta.

 Plano cidade linear- Espanha 1890

 

A cidade dos mil romances

Postado por: Isabella Caspar

A cidade de Paris é tão bem descrita que mesmo quem nunca foi , sabe como ela é!

Os historiadores nos acostumaram com uma idéia de Paris mistificada, a cidade da modernidade do século XIX mas a história parisiense foi mitificada bem antes de Haussmann ter nascido, por exemplo uma narrativa do século VIII surgira que Paris era o resultado da diáspora troiana após a queda da cidade perante os gregos. Pelo menos da alta idade média em diante, Paris tem sido sempre miticamente moderna.

O mito sobre a cidade de Paris é gerado pelo fato de a própria cidade ter gerado mitos sobre si própria, trazendo isso até para o cinema como vemos no filme Meia-noite em Paris. Retrata o romantismo, o que se espera da cidade , não só a paixão por pessoas é mais além é a pãixão mais pela cidade em si, que gera nas pessoas esse encanto esse bem estar e aflorando o romantismo.

O BRILHO DE UMA METRÓPOLE (1944-1999)

Postado por: Dheyne Adriane

O Museu de Arte Moderna foi aberto em junho de 1947. Em 3 de outubro de 1946 foi inaugurado o Salão Internacional do Automóvel. Pós a guerra, a juventude tomou conta dos espaços de Saint-Germain-des-Prés: Café de Flore, Les Deux- Magots, a cervejaria Lipp, os bares das caves (porões) e Le Tabou.

O parque imobiliário se caracterizava pela antiguidade dos prédios. Em 1954, 81% dos alojamentos ainda não dispunham de banheiros próprios e 55% não tinham sequer privadas. A população de Paris aumentava em cerca de cinquenta mil pessoas por ano. Cem mil moradias da capital eram insalubres, noventa mil quartos mobiliados e declarados inabitáveis pela saúde pública ainda eram habitados. A tuberculose se alastrava principalmente entre os locatários de quartos mobiliados. Nas proximidades das estações ferroviárias, viviam as famílias mais pobres em barracos de madeira e lona.

Durante o mandato de Claudius-Petit e de Courant, seu sucessor, o números das construções de moradias aumentou em ritmo acelerado. Na Rue Croulebarbe se elevou em 1961 o primeiro arranha-céu parisiense, com 67 metros de altura.

Vários parisienses deixaram seus bairros centrais para ir pros bairros externos em busca de melhor habitação. Fora da capital os grandes conjuntos residenciais multiplicaram-se.

Como consequência do impulso de urbanização regional, uma parte central estava superlotada e atingia progressivamente a periferia e os subúrbios exteriores foram deixados por causa da especulação.

Superfícies anteriormente industriais foram demolidas e as novas construções de prédios de escritórios, comércios e bancos estabeleceram um novo mapa de atividades urbanas. A parte industrial de Paris se firmou na parte nordeste da capital.

Foi estabelecido em 1965, o Esquema Diretor de Administração e Urbanização da Região de Paris. Enfatizava a criação de dois grandes eixos de desenvolvimento (sul0leste e norte-oeste) e propunha a criação de novas cidades-satélites. A REF, Réseau Express Regional ( Rede Expressa Regional), foi criada para estabelecer a ligação entre as linhas do metrô e a rede ferroviária de superfície. A divisão entre os subúrbios e Paris foi assim finalmente fechada.  Os trabalhos duraram oito anos. A primeira linha ligava a estação metroviária da Place de la Nation à estação ferroviária de Boissy-Saint-Léger. Sobre esse plano diretor parisiense, a questão da localização dos automóveis se tornava cada vez mais agurda. Em 1957 o Bulevar periférico começou a ser construído. Foi aberto em 1960 o primeiro trecho, com quarenta quilômetros, de Porte d’Italie até a autoestrada do sul. As avenidas do lado direito da margem do rio foram modificadas para a criação de uma via expressa.

Paris adaptou-se a ser uma metrópole europeia e virou um polo de decisões e administração, relacionamentos financeiros e econômicos, mostrando ser o cenário capital da vida política francesa. Porém, o Estatuto da Cidade não ficou estabelecido definitivamente. O Governo chefiado por Pierre Mauroy anunciou um projeto, no qual a capital foi recortada em vinte prefeituras. A reforma do estatuto abriu as hostilidades entre o prefeito de Paris e o poder executivo nacional.

Em 1969 foi criada uma Rede Expressa Regional no local de uma estação ferroviária atribuindo a região sua verdadeira dimensão.

Uma das prioridades do Conselho Municipal foi à salvaguarda e restauração do Marais e de outros bairros de interesse histórico e arqueológico. Numerosas mansões foram restauradas e os jardins de Saint-Paul.

A ideia da reorganização do vasto mercado Les Halles vinha sendo estudada pelos sucessivos governos. Incluía a construção dos mercados de La Villette e de Rungis, em Val-de-Marne, e a abertura de um grande canteiro de obras no coração de Paris. Nos Pavilhões Baltard foram finalmente construídos o Fórum (incluindo espaços comerciais, cinemas, a videoteca de Paris, etc.) e espaços verdes. Foi reconstruída a nova estação ferroviária e a Tour de Montparnasse com 210 metros de altura, foi construída. A Cidade das Ciências foi aberta em 1986 e o Zenith inaugurado em 1984 e consagrado à música. O Grande Arche complementou o desenvolvimento do bairro das repartições públicas, onde se estabeleceu o Ministério da Defesa. Em 1996 a Biblioteca François Mitterand foi inaugurada, na época chamada de Bibliothèque de France. Hoje se tornou um polo de atração para pesquisadores do mundo todo.

No setor de transporte, foi aberta a Linha Meteor em 1995, que ligava Bercey, Tolbiac, a estação de Lyon com o Châtelet e a estação ferroviária de Saint-Lazare. Uma linha ligando La Villette ao Ministério da Defesa foi criada em 1996. Pistas para ciclistas foram criadas, ganhou grandes espaços verdes, cerca de noventa hectares em uma década, como a Square de la Roquette. Paris se transformou em uma das capitais mais verdes da Europa, por causa dos seus novos jardins.